domingo, 30 de junho de 2019

Xamã

Búfalo,
Entrapilhado,
Era como uma enorme borboleta,
Do tamanho de sete índios,
Ia pois arrastando suas asas,
Velhas,
Caídas,
Levantando poeira na passagem,
Rostos tatuados,
Dos ritos com Deus,
Os brancos viam linhas,
Ele via direcões.
O tempo, espaço.
Cada tambor e chocalho,
Arrebentava a fogueira do anoitecer
E um índio, guerreiro,
Flechava para o céu deixar de ser negro,
Furando-lhe estrelas.

Cassiano Pellenz

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Leão

Não sei onde eu esqueço a coragem, não é que eu não há tenha.
Tenho plena convicção de que ela está em mim.
Mas ela parece uma chave, que a gente estravia na casa.
Minha casa é às vezes muito grande, que tem tantos detalhes que não mais percebo. E me emaranho, me distraio da chave.
Às vezes é uma casinha simples, pequena, acho a chave e em dois passos, abro a porta, corro até o onde eu quero. Sempre consigo.
Mas ainda estou aprendendo, a controlar o meu tamanho.

Cassiano Pellenz

quarta-feira, 19 de junho de 2019

O código

Não só o meu traço é incontrolável, também é meu sangue, minha vida.
Fui me afogando e ganhando asas, aprendendo a voar e a nadar.
Sem querer e ao mesmo tempo.
O vento sopra e me leva.
De repente cai uma chuva de pingos em cima de mutantes que desenho.
De repente me emociono vendo.
De repente revejo meus sonhos.
De repente são minhas histórias.
De repente está ali, entre traços e rabiscos, retratada toda a minha emoção.
De repente as paredes falam.
De repente sou um  código indecifrável.

Cassiano Pellenz

Poemas inseguros

Levarei daqui poemas tatuados,
traços de amor,
Uma que outra saudade sem edição,
cadência em  tempos de solidão em massa
ou colarei na rua,
orações embriagadas e desprotegidas
para que roubem.

Cassiano Pellenz

Constelação Norte

Aqui o calor é diferente de todos os calores, as estrelas fazem parecer que eu toco o céu, arde a emoção, a liberdade florece qualquer fruto.
Mas o frio, que me lembro agora, remonta a sinfonia das minhas mãos, que não tocam instrumento algum, mas são capazes de semear sobrevivência e outras artes. Depois de ouvir um gênio prodígio e  outro, só espero que o mundo inteiro durma bem.

Cassiano Pellenz

Modernidade Gasosa

A era de aquário, não é por acaso, aquário é o signo menos preconceituoso do horóscopo.
Se tivéssemos como traduzir da bíblia uma só frase que é o ideal de aquário seria: amai-vos- uns aos outros.
Zigmund Bauman fala muito bem sobre nossa nova sociedade líquida, a pensar que a alguns tempos a sociedade era sólida. Mas, observando os Estados de ânimo, de ambição e regeneração tudo ao mesmo tempo, acredito que virão tempos gasosos.
O russo Dimitrius Medelien ao criar a tabela periódica também informou a humanidade que de 118 cores poderia se criar qualquer coisa.
Não somente do que seriam as combinações mas sim, para que poderíamos usar elas.
Muitos segredos cabalísticos, de números, de crenças limitantes vem sendo revelados,
A lei da atração por exemplo, com suas três essências maneiras de fazer o pedi e recebereis, fazem a gente pensar que de algum modo é tudo mais fácil do que nós imaginávamos.
E isso vem de Hermes trimegistos, no Egito muito antes de Cristo, com as 7 leis herméticas.
A Rosa Cruz ensina isso.
Os orientais ensinam isso.
A meditação. Muitas tribos.
A cabalah.
E todos os facilitadores holísticos de todas as crenças divinas emanam para a respiração profunda. A dança é respiração, meditação, música...
Se o gás for nossa respiração profunda?
O que aconteceria se parassemos todos somente para respirar profundamente e tentar nos conectar com Deus?

Cassiano Pellenz
(Devaneios)

terça-feira, 14 de maio de 2019

Dar corda a Felicidade

No sombreado da vitrina da mente, mora um sonho infantil, que não me apetece desistir. Correr sem derrubar a porcelana, chacoalhar a vida por onde passa. Vestido vermelho no vento do tempo. De repente a gente esquece os sonhos, para viver e vive esquecendo tudo. Mas no instante insano em que me lembro de quem a vida me leva a ser. Recordo e sustento o sonho. Como uma maré de fé, lágrimas e movimentos de sal e açúcar. Nunca é como antes, nem agora comportado. Remo sem parar. Remo com e não pela felicidade. E o caminho está novamente traçado.

Cassiano Pellenz